..., o poema One Art (Uma Arte) de Elisabeth Bishop (1911-1979) é emblemático.
Pela sua aparente simplicidade narrativa, na web há inúmeras traduções em
português..., algumas muito estranhas. A sua postagem, aqui no Falas ao Acaso, é um complemento às
minhas considerações ao filme Para Sempre Alice (onde é citado), publicada lá no Claque ou Claquete. Optei pelas traduções dos escritores e
tradutores Horácio Costa e Paulo Henriques Brito, disponibilizadas
na rede.
One Art
Elizabeth Bishop
The art of losing isn't hard to master;
so many things seem filled with the intent
to be lost that their loss is no disaster.
Lose something every day. Accept the fluster
of lost door keys, the hour badly spent.
The art of losing isn't hard to master.
Then practice losing farther, losing faster:
places, and names, and where it was you meant
to travel. None of these will bring disaster.
I lost my mother's watch. And look! my last, or
next-to-last, of three beloved houses went.
The art of losing isn't hard to master.
I lost two cities, lovely ones. And,
vaster,
some realms I owned, two rivers, a continent.
I miss them, but it wasn't a disaster.
- Even losing you (the joking voice, a gesture
I love) I shan't have lied. It's
evident
the art of losing's not too hard to master
though it may look like (Write it!) a disaster.
Uma arte
Elizabeth
Bishop
Tradução de Horácio Costa
Tradução de Horácio Costa
A arte
de perder não tarda aprender;
tantas coisas parecem feitas com o molde
da perda que o perdê-las não traz desastre.
tantas coisas parecem feitas com o molde
da perda que o perdê-las não traz desastre.
Perca
algo a cada dia. Aceita o susto
de perder chaves, e a hora passada embalde.
A arte de perder não tarda aprender.
de perder chaves, e a hora passada embalde.
A arte de perder não tarda aprender.
Pratica
perder mais rápido mil coisas mais:
lugares, nomes, onde pensaste de férias
ir. Nenhuma perda trará desastre.
lugares, nomes, onde pensaste de férias
ir. Nenhuma perda trará desastre.
Perdi o
relógio de minha mãe. A última,
ou a penúltima, de minhas casas queridas
foi-se. Não tarda aprender, a arte de perder.
ou a penúltima, de minhas casas queridas
foi-se. Não tarda aprender, a arte de perder.
Perdi
duas cidades, eram deliciosas. E,
pior, alguns reinos que tive, dois rios, um
continente. Sinto sua falta, nenhum desastre.
pior, alguns reinos que tive, dois rios, um
continente. Sinto sua falta, nenhum desastre.
- Mesmo
perder-te a ti (a voz que ria, um ente
amado), mentir não posso. É evidente:
a arte de perder muito não tarda aprender,
embora a perda - escreva tudo! - lembre desastre.
amado), mentir não posso. É evidente:
a arte de perder muito não tarda aprender,
embora a perda - escreva tudo! - lembre desastre.
Uma Arte
Elisabeth
Bishop
tradução
de Paulo Henriques Britto
A arte
de perder não é nenhum mistério;
Tantas coisas contêm em si o acidente
De perdê-las, que perder não é nada sério.
Tantas coisas contêm em si o acidente
De perdê-las, que perder não é nada sério.
Perca
um pouquinho a cada dia. Aceite, austero,
A chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.
A chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Depois
perca mais rápido, com mais critério:
Lugares, nomes, a escala subsequente
Da viagem não feita. Nada disso é sério.
Lugares, nomes, a escala subsequente
Da viagem não feita. Nada disso é sério.
Perdi o
relógio de mamãe. Ah! E nem quero
Lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Perdi
duas cidades lindas. E um império
Que era meu, dois rios, e mais um continente.
Tenho saudade deles. Mas não é nada sério.
Que era meu, dois rios, e mais um continente.
Tenho saudade deles. Mas não é nada sério.
– Mesmo
perder você (a voz, o riso etéreo
que eu amo) não muda nada. Pois é evidente
que a arte de perder não chega a ser mistério
por muito que pareça (Escreve!) muito sério.
que eu amo) não muda nada. Pois é evidente
que a arte de perder não chega a ser mistério
por muito que pareça (Escreve!) muito sério.
*
Ilustração de Joba
Tridente - 2015
As duas traduções do poema de Elisabeth Bishop se
encontram espalhadas nos mais diversos sites de literatura. A tradução de Paulo Enriques Brito, para Uma Arte, encontrei
no blog phbrito.org. A de Horácio Costa no site francês Des
sourires et des larmes.
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