Há setenta anos morreu Mario de Andrade. Talvez, seja um autor mais falado
do que lido. Atropelando conceitos e ou audaciosamente lírico, Mario de Andrade sempre surpreenderá o
leitor distraído. Como em mais duas postagens que farei aqui no Falas ao Acaso. Hoje, um poema de 1931:
n°. 3 do "Rito do Irmão Pequeno”,
uma homenagem a Manuel Bandeira.
Amanhã, do livro Clan de Jabotí,
publicado em 1927: Acalanto doSeringueiro. Os dois poemas encontrei em Antologia da Moderna Poesia Brasileira - Revista Acadêmica, 1939,
edição da Brasiliana Digital-USP.
Rito do Irmão Pequeno
Mario de Andrade
homenagem a Manuel Bandeira
homenagem a Manuel Bandeira
Vamos
caçar cotia, irmão pequeno,
Que
teremos boas horas sem razão.
Já o
vento soluçou na arapuca do mato
E o
arco-da-velha já engoliu as virgens.
Não
falarei uma palavra e você estará mudo
Enxergando
na ceva a Europa trabalhar;
E o
silêncio que traz a malícia do mato,
Completará
o folhiço, erguendo as abusões.
E quando a fadiga enfim nos
livrar da aventura.
Irmão
pequeno, estaremos tão simples, tão primários,
Que os
nossos pensamentos serão vastos.
Graves e
naturais, feito o rolar das águas.
*
Ilustração de Joba Tridente
Mário Raul de Moraes Andrade (1893-1945) foi escritor, crítico literário, musicólogo,
folclorista, ensaísta e um dos mais representativos e influentes autores no
movimento modernista brasileiro A sua obra desconcertante ainda continua de
vanguarda. Há, na web, um bocado de
bom material biográfico sobre o autor. A sua bibliografia pode ser conferida na
postagem anterior: O Poeta Come Amendoim.
Li este poema por primeira vez faz 50 anos. Teve um impacto enorme naquela epoca e ainda tem
ResponderExcluir..., que grata lembrança, hein, Anônimo!? ..., continua irretocável em sua beleza e de uma ternura que nos leva longe em suas estações! ..., grato pela visita, leitura e tão íntima consideração! grande abraço!
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