Gosto
muito de Manuel Bandeira. Já
publiquei aqui o seu antológico poema Trem
de Ferro (1936). Agora, diretamente Antologia
da Moderna Poesia Brasileira - Revista Acadêmica, 1939, edição da Brasiliana Digital-USP, de onde também se
encontra a apresentação abaixo..., mais três poemas. Anteontem, Marinheiro
Triste. Ontem, O Martelo. Hoje,
Maçã.
Manuel
Bandeira estreou tardiamente, aos 31 anos, com A Cinza das Horas, pequena coleção de poemas onde se revela ainda a
dupla influência parnasiana e simbolista. Dois anos depois, em 1919, publica
nova brochura Carnaval, em que, a par
de alguns sonetos de caráter parnasiano, anteriores ou contemporâneos da Cinza das Horas, manifesta em outras
poesias o cansaço das formas gastas, por ele satirizadas no poema "Os Sapos". Sente-se no poeta um
desejo de novos ritmos, mais livres, mais fluidos ("Debussy", "Hiato",
"Toante", "Sonho de uma terça-feira gorda",
"Epílogo"). Em 1924 editou
Bandeira as Poesias, em que reuniu a A Cinza das Horas, aumentada de muitos
poemas da mesma época ("Carinho
triste" é de 1912) e a Carnaval
alguns poemas novos sob o título de O Ritmo
Dissoluto. Nestes o poeta já aparece na feição mais ou menos definitiva que
lhe é própria e que se confirma em duas publicações posteriores - Libertinagem (1930) e Estrela da Manhã (1936). Sente-se nos
seus últimos versos uma certa predileção pelos metros curtos ("Vou-me embora p'ra Pasárgada",
"Marinheiro triste", "Canção das Duas índias", "Trucidaram o rio", etc). Em 1937 fez
o poeta uma seleção de seus versos - Poesias
Escolhidas, Civilização Brasileira.
M
A Ç Ã
Manuel Bandeira
Por um
lado te vejo como um seio murcho;
Pelo
outro, como um ventre de cujo umbigo pende ainda
[o cordão placentário.
És toda
vermelha, como o amor divino.
Dentro
de ti, em pequenas pevides,
Palpita
a vida prodigiosa,
Infinitamente.
E
quedas tão simples
Ao lado
de um talher
Num
prato pobre de hotel.
*
Foto e ilustração
de Joba Tridente.2015
Manuel
Carneiro de Sousa Bandeira Filho
(Recife, 19 de Abril de 1886 - Rio de Janeiro, 13 de Outubro de 1968).
Professor de literatura, escritor, cronista, crítico literário, tradutor. Manuel Bandeira é autor, entre outros
de: A Cinza das Horas (1917); Carnaval (1919); Os Sapos (1922); O Ritmo
Dissoluto (1924); Libertinagem
(1930); Estrela da Manhã (1936); Crônicas da Província do Brasil (1937), Lira dos Cinquent’anos (1940), O Bicho (1947); Belo, Belo (1948); Mafuá do
Malungo (1948); Opus 10 (1952); Estrela da Tarde (960); Estrela da Vida Inteira (1966).
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