COLHER é um
poema em desenvolvimento. Trata de menores delinquentes, que conheci quando
orientava Oficinas Culturais em
Abrigos (Orfanato, Quartel, Semiliberdade) para adolescentes infratores e em
situação de risco, e de jovens adultos, que conheci outrora e que desapareceram
nos porões do (des)governo..., por ousarem pensar por conta própria. Já publiquei,
no Falas ao Acaso, em novembro de
2014, os fragmentos I e IV. Agora
você confere o fragmento VII.
COLHER - 2
Joba
Tridente
VII
um
banco de palavras
aleatórias
mãos
trêmulas caçando palavras
aleatórias
memória
puxando palavras
aleatórias
: em
casa nunca
faltou
sopa de letrinhas!
mãe,
que letra é essa?
que
letra?
essa
que parece uma forquilha
é o
ípsilon, mais comum no inglês
com ela
se escreve young
quer
dizer jovem
e essa?
essa é
o dábliu
parece
um M de ponta-cabeça
com M
se escreve mártir
com W
se escreve war
quer
dizer guerra
mãe?!
o que
é?
acho
que escrevi um poema na sopa
leia
pra mim
mãe amanhece
mãe entardece
mãe anoitece
mãe
mãe,
onde vai?
recolher
a roupa e já volto
acho
que ela não gostou
do meu
primeiro poema na sopa
mãe não
tinha lavado roupa
engoli
meu poema inteiro
com uma
só colherada
engoli
minha mãe
que
numa noite desapareceu
na
noite
engoli
muitos outros poemas
a
colheradas até o último pacote de sopa
e a
minha mãe não voltou
*
joba
tridente poesia (2014/2015) foto (2012)
Joba
Tridente em Verso : 25 Poemas Experimentais; Quase Hai-Kai; em Antologias: Hiperconexões:
Realidade Expandida; 101 Poetas
Paranaenses; Ipê Amarelo, 26 Haicais;
Ce que je vois de ma fenêtre - O que eu
vejo da minha janela; Ebulição da
Escrivatura; em Prosa: Fragmentos da História
Antropofágica e Estapafúrdia de Um Índio Polaco da Tribo dos
Stankienambás; Cidades Minguantes; O Vazio no Olho
do Dragão. Contos , poemas e artigos
culturais publicados em diversos veículos de comunicação: Correio
Braziliense, Jornal Nicolau, Gazeta do Povo ,
Revista Planeta ,
entre outros.
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