Assim
como abri esta homenagem ao notável GeorgeSeferis (ou: Yorgo Seferis, Giórgos Seféris, Giorgios Stylianou Seferiadis,
Giorgios Seferis...), ganhador do Prêmio
Nobel de Literatura de 1963, a partir do poema Seféris, a ele dedicado pelo escritor Marcílio Farias, a estou encerrando com mais duas dedicações
poéticas. Ontem você leu o intenso Versos a un Poeta Griego, do ensaísta, escritor e tradutor mexicano Jaime García Terrés..., hoje
conhece o emocionante Seferis (1972) do romancista
britânico Lawrence Durrell, que
também foi amigo do autor grego. Tomei ciência deste poema de Durrell a Seferis
ao acessar o artigo Dwellers in the Greek
Eye (George Seferis and Lawrence
Durrell), do escritor, dramaturgo e tradutor George Thaniel
(1938-1991) para Scripta Mediterranea
Volumes VIII-IX, 1987-88, que você pode abaixar aqui.
Estava
pronto para publicar Seferis, de
Lawrence Durrell, apenas em inglês quando, por mero acaso, ao buscar dados
biográficos de Durrel, me deparei com a tradução para o português do escritor e
tradutor brasileiro Jorge Wanderley,
no site Antonio
Miranda.
SEFERIS
Lawrence
Durrell
Time
quietly compiling us like sheaves
Turns
round on day, beckons the special few,
With
one bird singing somewhere in the leaves.
Someone
like K. or somebody like you.
Free-falling
target for the envious thrust.
So
tilting into darkness go we must.
Thus
the fading writer signing off
Sees
in the vast perspectives of dispersal
His
words float off like tiny seeds.
Wind-borne
or bird-distributed notes.
To
the very end of loves without rehearsal.
The
stinging image riper than his deeds.
Yours
must have set out like ancient
Colonists,
from Delos or from Rhodes.
To
dare the sun-gods, found great entrepôts.
Naples
or Rio. far from man's known abodes,
To
confer the quaint Grecian script on other men:
A
new Greek fire ignited by your pen.
How
marvellous to have done it and then left
It
in the lost property office of the loving mind.
The
secret whisper those who listen find.
You
show us all the way the great ones went.
In
silences becalmed, so well they knew
That
even to die is somehow to invent.
SEFERIS
Lawrence
Durrell
tradução: Jorge Wanderley
O tempo nos coleta como a feixes.
Ronda um dia, acena aos raros que vê
(Com um pássaro que em folhas se
deixe).
Alguém como K. ou como você.
Alvo em queda livre para a estocada.
- Que à sombra segue nossa caminhada.
Assim o escritor que sai do ar
Vê nos horizontes da dispersão
Suas palavras, um pólen perfeito.
Notas que o vento e o pássaro
carregam.
Chegando a amores sem preparação.
Imagem mais madura que seus feitos.
As tuas certamente já partiram
De Delos ou de Rhodes dominantes.
Contra os deuses do sol fundando
bases,
Em Nápoles, no Rio, ou nunca dantes
Sonhadas terras, difundindo Grécia:
O novo fogo grego que ofereces.
Maravilhoso é ter leito e deixado
A "achados e perdidos" dos
amantes
Este sussurro ouvido por instantes.
O caminho dos grandes vens mostrar.
Que vão silentes, calmos, pois
souberam:
Mesmo o morrer confina com criar.
*
ilustração de
Joba Tridente
Lawrence
George Durrell
(Jalandhar, Índia: 27.02.1912 - Sommières, França: 07.11.1990)
foi romancista, poeta e dramaturgo..., cuja obra mais conhecida
é Quarteto de Alexandria, é autor de romances: Pied Piper of Lovers (1935), Panic Spring (pseudonimo: Charles Norden, 1937), The Black Book (1938), The Dark Labyrinth (1947), White Eagles Over Serbia (1957), Quarteto de Alexandria: Justine (1957) e Balthazar (1958) e Mountolive (1958) e Clea (1960); The Revolt of Aphrodite: Tunc (1968) e Nunquam (1970), The Avignon Quintet (1992): Monsieur: or, The Prince of Darkness (1974)
e Livia: or, Buried Alive (1978)
e Constance: or, Solitary Practices (1982)
e Sebastian: or, Ruling Passions (1983)
e Quinx: or, The Ripper's Tale (1985);
de poesia: Quaint Fragments: Poems Written between the Ages of Sixteen and
Nineteen (1931), Ten Poems (1932),
Transition: Poems (1934), A Private Country (1943), Cities, Plains and People (1946), On Seeming to Presume (1948), The Poetry of Lawrence Durrell (1962),
Selected Poems: 1953-1963 (1964),
The Ikons (1966), The Suchness of the Old Boy (1972),
Collected Poems: 1931-1974 (1980),
Selected Poems of Lawrence Durrell (2006);
de drama: Bromo Bombastes, under the pseudonym Gaffer Peeslake (1933), Sappho: A Play in Verse (1950), An Irish Faustus: A Morality in Nine Scenes (1963),
Acte (1964); de humor: Esprit de Corps (1957), Stiff
Upper Lip (1958), Sauve Qui Peut (1966),
Antrobus Complete (1985), além
de livros de viagem, ensaios e artigos. Seu círculo de convivência e influência literária reuniam
Henry Miller, Theodore Stephanides, Anaïs Nin, Alfred Perles, T. S. Eliot e
George Seferis. Para saber mais sobre o polêmico e célebre autor: The
Paris Review: Lawrence Durrell, The Art of Fiction No. 23; The American Reader:
The Prince Returns: In Defense of Lawrence Durrell; Revista
Tiempo en La Casa: Lawrence Durrell: El heraldo negro del futuro de
Chipre; Antonio
Miranda: Poesia Mundial em Português: Lawrence Durrell; Enciclopedia Britânica:
Lawrence Durrel; Wikipedia:
Lawrence Durrell; Ecured: Lawrence Durrell.
Jorge Eduardo Figueiredo de Oliveira Wanderley (Recife - PE: 21.01.1938 -
12.12.1999) foi médico, professor de Teoria da Literatura e Literatura
Brasileira na UERJ, poeta e tradutor. O autor
de Gesta e Outros Poemas (1960),
Adiamentos (1974), Microantologia
(1974), Coração à Parte (1979), A Foto Fatal (1986), Anjo Novo (1987), Homenagem: Dez Sonetos (1992), Manias de Agora (1995), O Agente Infiltrado e Outros Poemas (1999),
traduziu: Vita Nuova/Vida Nova (1987), Lírica (1996) e Inferno (2004),
de Dante Alighieri, Os 25 melhores poemas
de Charles Bukowski (2003), Sonetos (1991)
e Rei Lear (1992), de Shakespeare, Borges poeta (1992), Poemas, de Lawrence Durrel (1995), Cemitério marinho, de Paul Valéry
(1974), organizou antologias: Antologia da nova poesia norte-americana (1992),
e 22 ingleses modernos: uma antologia
poética (1993) e Do jeito delas,
vozes femininas de língua inglesa (2008), reunindo as autoras Sylvia
Plath, Emily Dickinson, Marianne Moore, Anne Sexton, Hilda Doolittle, Louise
Bogan, Elizabeth Bishop, Denise Levertov, Edna St. Vincent Millay, Edith
Sitwell, Patricia Hooper e Elinor Wylie. Em 2005 recebeu o Prêmio Jabuti de
Tradução (Homenagem Póstuma) por Divina
Comédia - Inferno de Dante Aleguieri. Para saber mais sobre o autor e
tradutor: Panorama da
Palavra: Jorge Wanderley: um agente infiltrado, Alguma
Poesia: Palavras soltas; talvez dor, Antonio
Miranda: Jorge Wanderley.
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