Em 2016
foi lançando o livro Blasfêmeas -
Mulheres de Palavra, reunindo 64 poetas atuantes na literatura
contemporânea brasileira. Segundo a escritora Marília Kubota, que juntamente
com Rita Lenira de Freitas Bittencourt organizou a edição: “Com esta antologia, queremos apresentar um panorama de vozes poéticas femininas,
no qual percebemos a diversidade do que é “ser mulher”. Há vozes que se alinham
ao discurso modernista, com predominância do dizer fragmentário e do tom
coloquial, o tom da “poesia de mulher” de Adélia Prado; há o resgate de formas
clássicas, ao modo de Cecília Meirelles, e também as que dialogam com a
visualidade proposta pela poesia concreta. Grande parte destas autoras é de uma
geração que iniciou sua vida literária através da internet, escrevendo em
blogues ou sites; outras, começaram em áreas mais afins à literatura, como o
jornalismo, a publicidade, as artes visuais, as atividades acadêmicas.
Minimalistas ou verborrágicas, líricas ou satíricas, cotidianas ou metafísicas,
elas compõem o panorama que define a poesia de mulher contemporânea: a palavra,
hoje, é muito mais feminina.”
Das 64
autoras selecionei sete. Um poema de cada..., que você conhecerá em sete
postagens. Começo com Branca envelhece
na neve, de Adriane Garcia.
Branca envelhece na neve
Adriane
Garcia
Morta,
aguardando sopro
Beijo
alheio de vida
No
féretro
Somente
os chilreios dos pássaros
No
péssimo humor, desapercebidos
Há
tanto tempo passam homens
E
bolinam, mesmo copulam
Muitos
Com
a morta
O
corpo duro não repõe
Fluidos
Não
há o rosto angélico do que foi
Outrora:
Cada
vez mais é mulher
No
espelho.
*
ilustração:
joba tridente.2018
Adriane Garcia,
poeta, nascida em Belo Horizonte. Tem publicados os livros Fábulas para adulto perder o sono, ed. Biblioteca do Paraná (Prêmio
Paraná de Literatura 2013); O nome do
mundo, ed. Armazém da Cultura 2014; Só,
com peixes, ed. Confraria do Vento,
2015. Publica em diversas revistas online e antologias no Brasil e em Portugal.
Blasfêmeas - Mulheres de Palavra foi editado pela Casa Verde.
Uma alegria meu poema nessa postagem tão bonita. Um abraço.
ResponderExcluir..., eu é que sinto honrado, pela oportunidade de publicação, Adriane Garcia. ..., grato!
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