Nesta Semana
da Criança estou postando, a cada dia, um texto diferente, em prosa e ou em
verso, de autor brasileiro e ou estrangeiro. A terça-feira é de José Paulo Paes e seu divertido poema Pescaria, do livro Poemas Para Brincar.
Pescaria
Um homem
que se preocupava demais
com coisas sem importância
acabou ficando com a cabeça cheia de
minhocas.
Um amigo lhe deu então a ideia
de usar as minhocas
numa pescaria para se distrair das
preocupações.
O homem se distraiu tanto
pescando
que sua cabeça ficou leve
como um balão
e foi subindo pelo ar
até sumir nas nuvens.
Onde será que foi parar?
Não sei
nem quero me preocupar com isso.
Vou mais é pescar.
Na dissertação da Pesquisadora Maria Teresa
Gonçalves Pereira (UERJ), em O Jogo
Verbal em José Paulo Paes Marca Um Estilo Peculiar: José Paulo Paes é um artífice que
instrumentaliza a poesia em perfeita inter-relação de modalidades linguísticas
ao lado de eficiente quebra de barreiras formais. Dirige-se ao público
infanto-juvenil, conjugando autor-leitor, na certeza de que a expressividade e
a plenitude da língua não se escondem em construções elaboradas e herméticas,
realizando-se por todos e para todos, além do que se associam escolhas
primorosas fornecidas pelo sistema linguístico à eficácia no ato comunicativo.
(...) Trata-se de um poeta que conhece o
leitor, considerando-o, respeitando-o e apostando na sua inteligência.
Trabalhando a Língua Portuguesa, não desvaloriza ou hierarquiza qualquer
aspecto linguístico, usando todo o potencial expressivo das variedades
dialetais, regionais e culturais, José Paulo Paes mostra que a qualidade não se
prende a uma só vertente literária ou a uma modalidade de língua.
José
Paulo Paes (1926-1998): escritor de verso e prosa, tradutor, crítico
literário e ensaísta. Morou e estudou em Curitiba, onde colaborou com a revista
literária Joaquim, dirigida por Dalton Trevisan. Em 1947 lançou O Aluno, seu primeiro livro. É autor, entre outros, de : Cúmplices
(1951), Novas Cartas Chilenas (1954), Epigramas (1958); Anatomias (1967), Meia
Palavra (1973), Resídua (1980), É Isso Ali - 1984, Gregos e Baianos
(1985), A Poesia Está Morta Mas Juro Que Não Fui Eu (1988), Poemas para Brincar
- 1990, Prosas Seguidas de Odes Mínimas (1992), A Meu Esmo (1995), Um
Passarinho Me Contou - 1996, Poesia Para Crianças (1996), A Revolta das
Palavras (1999) , Ri Melhor Quem Ri Primeiro (1999).
Ilustração de Joba Tridente. 2012
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