terça-feira, 16 de outubro de 2012

Manuel Bandeira: Trem de Ferro


Em 13 de Outubro de 1968 morria o modernista Manuel Bandeira. Há 44 anos. Antes tarde do que nunca, a minha homenagem com um dos mais melodiosos poemas da literatura brasileira, a obra-prima: Trem de Ferro.

Trem de ferro

Café com pão
Café com pão
Café com pão

Virge Maria que foi isso maquinista?

Agora sim
Café com pão
Agora sim
Voa, fumaça
Corre, cerca
Ai seu foguista
Bota fogo
Na fornalha
Que eu preciso
Muita força
Muita força
Muita força
(trem de ferro, trem de ferro)

Oô...
Foge, bicho
Foge, povo
Passa ponte
Passa poste
Passa pasto
Passa boi
Passa boiada
Passa galho
Da ingazeira
Debruçada
No riacho
Que vontade
De cantar!
Oô...
(café com pão é muito bom)

Quando me prendero
No canaviá
Cada pé de cana
Era um oficiá
Oô...
Menina bonita
Do vestido verde
Me dá tua boca
Pra matar minha sede
Oô...
Vou mimbora vou mimbora
Não gosto daqui
Nasci no sertão
Sou de Ouricuri
Oô...

Vou depressa
Vou correndo
Vou na toda
Que só levo
Pouca gente
Pouca gente
Pouca gente...
(trem de ferro, trem de ferro)

Manuel Bandeira in "Estrela da Manhã" 1936
Ilustração de Joba Tridente. 2012

Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho (Recife, 19 de Abril de 1886 - Rio de Janeiro, 13 de Outubro de 1968). Professor de literatura, escritor, cronista, crítico literário, tradutor. Manuel Bandeira é autor, entre outros de: A Cinza das Horas (1917); Carnaval (1919); Os Sapos (1922); O Ritmo Dissoluto (1924); Libertinagem (1930); Estrela da Manhã (1936); Lira dos Cinquent’anos (1940), O Bicho (1947); Belo, Belo (1948); Mafuá do Malungo (1948); Opus 10 (1952); Estrela da Tarde (960); Estrela da Vida Inteira (1966).

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