Nesta
Semana Santa (para católicos praticantes) estou postando uma literatura
copilada de edições raras, que se destaca pela idiossincrasia religiosa.
Preferencialmente mantendo a grafia antiga. Encerro a Semana com a insinuante e
poética barganha do mestre da eloquência Gregório de Matos
em A Jesus Cristo Nosso Senhor.
A Jesus
Cristo Nosso Senhor
Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,
Da vossa alta clemência me despido;
Porque, quanto mais tenho delinquido,
Vós tenho a perdoar mais empenhado.
Se basta a vos irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma ovelha perdida e já cobrada
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na Sacra História,
Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,
Cobrai-a; e não queirais, Pastor Divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória.
*
Ilustração
de Joba Tridente - 2013
Gregório de Matos Guerra (Salvador, 1636 – Recife, 1695), o Boca do Inferno, poeta satírico e
advogado, um dos maiores nomes da poesia barroca do Brasil. Gregório de Matos é
considerado o precursor da literatura brasileira. Há farto material sobre o
autor e a sua polêmica obra disponibilizado em vários arquivos no Portal
Domínio Público (link) e na web.
Nenhum comentário:
Postar um comentário