Aproveitando
que no mês de setembro, além da primavera, e ou talvez por isso, o Brasil é
tomado por feiras de livros e encontros literários, expondo a velha e a nova
literatura para novos e velhos leitores, decidi (re)visitar alguns grandes escritores
brasileiros e portugueses, cuja obra pode ser apreciada com prazer e
considerações por crianças de qualquer idade. São poemas que remetem à
infância, ao campo, aos jogos juvenis..., por vezes até melancólicos no seu
saudosismo, mas sempre (e)ternos no registro lúdico de um tempo que já não há.
Há muito!
O
número de poemas será o de um a três, por autor, e as postagens sempre
individuais (um por página) para melhor apreciação de cada obra. Esta primeira edição contará com mais ou
menos 30 escritores pinçados ao acaso em meus arquivos. Futuramente farei uma
edição apenas com escritoras.
Quando
cai a noite no campo, ao redor da casa ou nos cafundós da roça, qual é a voz
que nos acalanta? No Brasil, Portugal e ou Açores serão as mesmas as Vozes da Noite? Ao seu dispor..., a
delicadeza poética do escritor açoriano Armando
Côrtes-Rodrigues (1891-1971), publicado em Antologia de Poemas de Armando Cortes-Rodrigues (1956). Amanhã, o mestre brasileiro Carlos Drummond de Andrade é quem vem falar da passagem do tempo.
Vozes da Noite
Armando Côrtes-Rodrigues
Armando Côrtes-Rodrigues
Vozes na Noite! Quem fala
Com tanto ardor, tanto afã?
Falou o Grilo primeiro,
Logo depois foi a Rã.
Pobre loucura dos homens
Quando julgam entendê-las...
Só eles pasmam os olhos
Neste encanto das estrelas.
Lá no silêncio dos campos
Ou no mais ermo da serra,
Na voz das rãs fala a Água,
Na voz dos grilos a Terra.
Só eles cantam a vida
Com amor e singeleza,
Por ser descuidada, alegre;
Por ser simples, com beleza.
Pudesse agora dizer-te,
Sem ser por palavras vãs,
O que diz a voz dos grilos,
O que diz a voz das rãs.
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ilustração de Joba Tridente.2016
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ilustração de Joba Tridente.2016
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