Aproveitando
que no mês de setembro, além da primavera, e ou talvez por isso, o Brasil é
tomado por feiras de livros e encontros literários, expondo a velha e a nova
literatura para novos e velhos leitores, decidi (re)visitar alguns grandes
escritores brasileiros e portugueses, cuja obra pode ser apreciada com prazer e
considerações por crianças de qualquer idade. São poemas que remetem à
infância, ao campo, aos jogos juvenis..., por vezes até melancólicos no seu
saudosismo, mas sempre (e)ternos no registro lúdico de um tempo que já não há.
Há muito!
O
número de poemas será o de um a três, por autor, e as postagens sempre
individuais (um por página) para melhor apreciação de cada obra. Esta primeira edição contará com mais ou
menos 30 escritores pinçados ao acaso em meus arquivos. Futuramente farei uma
edição apenas com escritoras.
Comecei
com a tocante evocação da Infância,
do escritor simbolista/modernista Murillo
Araujo (1894 - 1980). Ontem lembrei a sua graciosa manifestação da Natureza
em Humoresco Silvestre. Hoje
ressalto a beleza de uma imaginação fértil em Sonho de Herói, do livro Poemas
completos de Murilo Araújo (1960). O próximo autor será Augusto Meyer (1902-1970).
Sonho de Herói
Murillo Araujo
Com um galho de bambu verde
e dois ramos de palmeira
eu hei de fazer um dia meu cavalo –
com asas!
Subirei nele, com o vento, lá bem
alto,
de carreira,
por sobre o arvoredo e as casas.
Voarei, roçando o mato,
as copas em flor das árvores,
como se cruzasse o mar...
e até sobre o mar de fato
passarei nas nuvens pálidas
muito acima das montanhas, das
cidades,
mais alto que a chuva, no ar!
E irei até as estrelas,
ilhas dos rios de além
ilhas de pedras divinas,
de ribeiras diamantinas
com palmas, conchas, coquinhos nas
suas
praias de pérola e de ouro
onde nunca foi ninguém...
*
Ilustração de Joba
Tridente - 2016
Murillo Araujo (Serro-MG: 26.10.1894 – Rio de
Janeiro-RJ: 01.08.1980), advogado, jornalista, escritor e crítico literário. Um
dos expoentes do modernismo, lançou o seu primeiro livro, Carrilhões, em 1917, cinco anos antes da
Semana de Arte Moderna. Em poesia publicou: A
galera (1920), Árias de muito longe (1921),
A cidade de ouro (1927), A iluminação da vida (1927), A estrela azul (1940), As sete cores do céu (1941), A escadaria acesa (1941), O palhacinho quebrado, A luz perdida (1952), O candelabro eterno (1955) e, em prosa: A arte do poeta (1944), Ontem, ao luar (1951), Catulo da
Paixão Cearense, Aconteceu em nossa terra (pequenos casos de grandes homens),
Quadrantes do Modernismo Brasileiro
(1958). Murillo traduziu o livro O
inspetor geral, do escritor russo Nikolai Gogol (1809 - 1852). Fonte: Antonio Miranda e Murillo Araujo Vida e Obra.
matando saudades de uma infância feliz
ResponderExcluir..., que os momentos felizes, desde a infância, nos acompanhem sempre, Adilson!
Excluir..., grande abraço e grato pela consideração!