Aproveitando
que no mês de setembro, além da primavera, e ou talvez por isso, o Brasil é
tomado por feiras de livros e encontros literários, expondo a velha e a nova
literatura para novos e velhos leitores, decidi (re)visitar alguns grandes
escritores brasileiros e portugueses, cuja obra pode ser apreciada com prazer e
considerações por crianças de qualquer idade. São poemas que remetem à
infância, ao campo, aos jogos juvenis..., por vezes até melancólicos no seu
saudosismo, mas sempre (e)ternos no registro lúdico de um tempo que já não há.
Há muito!
O
número de poemas será o de um a três, por autor, e as postagens sempre
individuais (um por página) para melhor apreciação de cada obra. Esta primeira edição contará com mais ou
menos 30 escritores pinçados ao acaso em meus arquivos. Futuramente farei uma
edição apenas com escritoras.
Comecei a publicação ontem, com o nostálgico poema Infância,
do escritor simbolista/modernista brasileiro Murillo
Araujo (1894 - 1980), e sigo hoje com o campestre Humoresco Silvestre. Amanhã será a vez do Sonho de Herói.
Humoresco Silvestre
Murillo Araujo
O vento, chefe de esquadrão, comanda os pelotões do mato.
E no horto florestal — quartel das
árvores —
os pinheiros e coqueiros
fazem ginástica
sueca.
Os castanheiros
com as flores de penacho
jogam peteca.
Sussurram pífanos e rufos na charanga
dos bambus.
E as bananeiras
batendo as raquetas das palmas
batem pelota com a péla da lua.
Mas de repente
silêncio...
Pesa o repouso lunar.
Um grilinho clarina.
E o vento chefe-de-esquadrão ordena
aos ramos “descansar.”
*
Ilustração de Joba
Tridente - 2016
Murillo Araujo (Serro-MG: 26.10.1894 - Rio de Janeiro-RJ: 01.08.1980), advogado, jornalista,
escritor e crítico literário. Um dos expoentes do modernismo, lançou o seu
primeiro livro, Carrilhões, em
1917, cinco anos antes da Semana de Arte Moderna. Em poesia publicou: A galera (1920), Árias de muito longe (1921), A
cidade de ouro (1927), A iluminação
da vida (1927), A estrela azul
(1940), As sete cores do céu (1941), A escadaria acesa (1941), O palhacinho quebrado, A luz perdida (1952), O candelabro eterno (1955) e, em prosa: A arte do poeta (1944), Ontem, ao luar (1951), Catulo da
Paixão Cearense, Aconteceu em nossa terra (pequenos casos de grandes homens),
Quadrantes do Modernismo Brasileiro
(1958). Murillo traduziu o livro O
inspetor geral, do escritor russo Nikolai Gogol (1809 - 1852). Fonte: Antonio Miranda e Murillo Araujo Vida e Obra.
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