Aproveitando
que no mês de setembro, além da primavera, e ou talvez por isso, o Brasil é
tomado por feiras de livros e encontros literários, expondo a velha e a nova
literatura para novos e velhos leitores, decidi (re)visitar alguns grandes
escritores brasileiros e portugueses, cuja obra pode ser apreciada com prazer e
considerações por crianças de qualquer idade. São poemas que remetem à
infância, ao campo, aos jogos juvenis..., por vezes até melancólicos no seu
saudosismo, mas sempre (e)ternos no registro lúdico de um tempo que já não há.
Há muito!
O
número de poemas será o de um a três, por autor, e as postagens sempre
individuais (um por página) para melhor apreciação de cada obra. Esta primeira edição contará com mais ou
menos 30 escritores pinçados ao acaso em meus arquivos. Futuramente farei uma
edição apenas com escritoras.
Olavo Bilac (1865-1918) é um dos mais importantes escritores
brasileiros. Já publiquei por aqui vários poemas seus: O Soldado e A Trombeta; Velhice; O Remédio; As Velhas Árvores; A Avó..., e até mesmo o exaltação A Pátria. Grande parte de sua obra é dedicada
ao universo infantojuvenil. Do seu livro Poesias
Infantis (1904), resgato dois poemas. Ontem você conheceu as dores de O Pássaro Cativo..., um pertinente
libelo à liberdade. Hoje você “assiste” ao pega-pega de duas garotas pela posse de um
brinquedo muito especial em A Boneca...,
que também já esteve por aqui em uma postagem que reuniu também Guerra Junqueiro e um
autor (inglês) desconhecido discorrendo sobre o mesmo assunto: Boneca..., onde incluí vários links para
downloads legais. Amanhã o dia está reservado para a beleza desconcertante (ou
expressionista) da fauna em um soneto de Luiz Guimarães Junior (1845-1898).
A Boneca
Olavo
Bilac
Deixando a bola e a peteca,
Com que inda há pouco brincavam,
Por causa de uma boneca,
Duas meninas brigavam.
Dizia a primeira: “É minha ! “
— “É minha!” a outra gritava;
E nenhuma se continha,
Nem a boneca largava.
Quem mais sofria (coitada!)
Era a boneca. Já tinha
Toda a roupa estraçalhada,
E amarrotada a carinha.
Tanto puxavam por ela,
Que a pobre rasgou-se ao meio,
Perdendo a estopa amarela
Que lhe formava o recheio.
E, ao fim de tanta fadiga,
Voltando a bola e a peteca,
Ambas, por causa da briga,
Ficaram
sem a boneca...
*
ilustração de Joba Tridente.2012
Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac (Rio de Janeiro-RJ: 16.12.1865
- Rio de Janeiro-RJ: 28.12.1918), jornalista, escritor (parnasiano) de prosa e
verso e membro fundador da Academia Brasileira de Letras (1896), onde ocupou a
cadeira 15, cujo patrono é o poeta Gonçalves Dias. Olavo Bilac, eleito Príncipe dos Poetas Brasileiros, pela
revista Fon-Fon, em 1907, tinha
grande apreço pela literatura dirigida aos jovens. Republicano e nacionalista o
polemista escritor é autor do Hino à
Bandeira e de Poesias (1888); Crônicas e novelas (1894); Sagres (1898); Crônicas e Novelas (1894); Alma
Inquieta (1902); Via Láctea (1888);
Sarças de Fogo (1888); O Caçador de Esmeraldas (1902); As Viagens (1902); Crítica e fantasia (1904); Poesias
infantis (1904); Contos Pátrios
(1904); Conferências literárias (1906);
Tratado de versificação (1905); Dicionário de rimas (1913); Ironia e piedade (1916); A Defesa Nacional (1917); Tarde (1919). Para saber mais: Academia
Brasileira de Letras; Wikipédia.
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