Aproveitando
que no mês de setembro, além da primavera, e ou talvez por isso, o Brasil é
tomado por feiras de livros e encontros literários, expondo a velha e a nova
literatura para novos e velhos leitores, decidi (re)visitar alguns grandes escritores
brasileiros e portugueses, cuja obra pode ser apreciada com prazer e
considerações por crianças de qualquer idade. São poemas que remetem à
infância, ao campo, aos jogos juvenis..., por vezes até melancólicos no seu
saudosismo, mas sempre (e)ternos no registro lúdico de um tempo que já não há.
Há muito!
O
número de poemas será o de um a três, por autor, e as postagens sempre
individuais (um por página) para melhor apreciação de cada obra. Esta primeira edição contará com mais ou
menos 30 escritores pinçados ao acaso em meus arquivos. Futuramente farei uma
edição apenas com escritoras.
Conhecia a obra do escritor português
Francisco Joaquim Bingre (1763-1856)
através da Antologia Poética Toda Poesia,
organizada por Iba Mendes. Autor de uma obra
vastíssima, contemporâneo de Bocage e um dos fundadores da Nova Arcádia de Lisboa, Bingre encerra uma ternura irresistível em
seu soneto Primavera. Creio que de
todos os autores que estou publicando neste mês, seja aquele que mais fundo
mergulhou em suas memórias afetivas e lúdicas. Um poema que me fez pensar se
hoje em dia alguém ainda usa as estações do ano para expressar as fases da
vida: primavera = infância, verão = juventude, outono = adulta, inverno = velhice. Amanhã e por mais dois dias, a simplicidade do meste Mario Quintana (1906-1994).
P R I M A V E R A
Francisco Joaquim Bingre
Passei a Primavera de meus anos
Com maternais desvelos amorosos.
Com meiguices, afagos carinhosos,
Com mimos de solícitos afanos.
Desenfaixado dos primeiros panos,
Pus-me em pé, dei passinhos vagarosos,
Logo corridas, saltos brincalhosos,
Travessuras de meninais enganos.
Nesta idade infantil da Primavera,
Com outros meus iguais brincões folgava.
Ah, quão gostoso, então, o tempo me era!
Inocente brincar só me encantava:
Feliz, se aqui ficando eu conhecera
A força do prazer que desfrutava!
*
ilustração de Joba Tridente.2016
Francisco
Joaquim Bingre (São Tomé de Canelas-Portugal: 09.07.1763 - Lisboa-Portugal:
23.06.1856), poeta arcádico e pré-romântico português, foi um dos fundadores da
Academia de Belas Letras, também conhecida como Nova Arcádia de Lisboa,
assinando com o pseudônimo de Francélio Voiuguense. A sua vasta obra literária
é composta de sonetos, odes, sátiras, madrigais, farsas, elegias, fábulas
cançonetas, epístolas, hinos. Saber mais: Biografia de Francisco Joaquim
Bingre; Francisco
Joaquim Bingre; Poemas de
Francisco Joaquim Bingre.
É com apreço que verifico o seu interesse pela obra de um talento inato das letras portuguesas, poeta de estro repentista, como foi o Francisco Joaquim Bingre e sob cuja obra ainda se não fez a homenagem devida. Parabens!
ResponderExcluirJuvenal Nunes
..., gratíssimo por sua visita e considerações, Juvenal Nunes. ..., assim que possível, devo retornar aos grandes nomes (esquecidos) da literatura portuguesa e brasileira e resgatar alguns outros ainda inéditos por aqui. ..., parabéns por seu blog PALAVRAS ALADAS: http://palavrasaladas1952.blogspot.com.br/
ResponderExcluirAgradeço o apreço revelado pelo meu Blog e informo que postei um texto sobre Francisco Joaquim Bingre, cuja leitura lhe poderá interessar.
ResponderExcluirSaudações bárdicas
Juvenal Nunes
..., valeu, Juvenal! ..., passo lá pra conferir. abs. T+
ResponderExcluir